domingo, 1 de agosto de 2010

Avanço de chineses na África preocupa Brasil

A intenção de disputar de forma mais acirrada novos mercados com a China está dando o tom da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a países da África.

A intenção ficou ainda mais explícita no discurso que o presidente fez a empresários brasileiros e tanzanianos ontem, em Dar es Salaam, capital da Tanzânia.

Em vários momentos, Lula referiu-se à China e procurou vender a imagem de que o Brasil, ao contrário do gigante asiático, tem produtos de melhor qualidade e gera empregos nos países onde investe. Lula citou a disputa por minas de ferro que a Vale acabou perdendo para os chineses.

"Nada contra os meus amigos chineses. Pelo contrário [a China], é um grande parceiro nosso e queremos manter nossa parceria estratégica. Mas a verdade é que, às vezes, eles ganham uma mina e trazem todos os chineses para trabalhar naquela mina. E fica sem gerar oportunidade para os trabalhadores do país", disse Lula.

De olho nos recursos naturais da África, o presidente procurou avalizar os interesses da Vale na Tanzânia e aproveitou para criticar a forma chinesa de exploração. "É importante que todos se deem conta de que a Vale tem que vir aqui fazer investimentos, gerar emprego aqui e contratar trabalhadores da Tanzânia para trabalhar nos projetos, e não trazer trabalhadores do Brasil, como alguns [países] fazem, que não é boa política", disse Lula.

Em 2004, a Vale perdeu para os chineses a disputa para a exploração de uma mina de ferro no Gabão. Nos próximos meses, a empresa pretende disputar duas licitações para explorar na Tanzânia minas de carvão, fosfato (matéria prima para fertilizantes), cobre, níquel e potássio. Segundo o presidente da Vale, Roger Agnelli, o investimento que a empresa pretende fazer na Tanzânia chega a US$ 2 bilhões, valor semelhante ao já investido pela empresa em Moatize (Moçambique) para exploração de carvão metalúrgico.

Agência Brasil em Valor Econômico

Lula é o primeiro presidente brasileiro a visitar a Tanzânia. As trocas comerciais com o país do oeste da África somaram em 2009 US$ 31 milhões. Para Lula, essa cifra modesta pode se expandir muito com o ambiente de estabilidade política e segurança jurídica que o país oferece atualmente.

Fonte: Agência Brasil em Valor Econômico (8/7/2010

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