Além dos esquemas citados anteriormente, aqui entra em jogo a fantasia dos golpistas. Já vimos de tudo ... em muitos casos tratam-se de propostas bem montadas e apresentadas e muito parecidas com outras realizáveis. Iremos apresentar os casos mais comuns ou interessantes que vimos até hoje.
Um bastante comum é o famoso "seguro de garantia", já parcialmente citado noutras seções. O golpista propõe um financiamento vantajoso (muitas vezes vindo do exterior) suportado exclusivamente num seguro garantia. Financiamentos com seguro podem existir realmente, dependendo dos casos, só que com modalidades e vários outros detalhes fundamentais muito diferentes. O que tem que perceber-se é que nenhuma seguradora simplesmente faz um seguro sem receber alguma garantia do segurado, além do prêmio.
O "seguro", neste golpe específico, tem que ser pago adiantado e depois de X dias haverá a suposta libertação dos recursos. Paguem o "seguro" e nunca mais verão o dinheiro do prêmio (que será embolsado pelos golpistas e não pela seguradora) e, obviamente, nem o do financiamento. Tomámos conhecimento dos golpistas apresentarem, para este fim, seguradoras fictícias ou seguradoras "frias", controladas por eles e sediadas em paraísos fiscais. Lembrem-se que nos verdadeiros financiamentos com seguro a seguradora normalmente aceita que você pague o prémio no momento em que receber a libertação do dinheiro e não antes, além disso exigia fazer o pagamento do prémio directamente à seguradora (que seja conhecida e de um país respeitável, de preferência), pedindo um recibo, e não a intermediários, fazendo isso poderá pedir à seguradora um reembolso caso algo não funcione.
Outros custos parecidos que já apareceram como justificação para o golpe são "custos de bolsa, banco ou corretora para conversão de títulos/acções em dinheiro para a libertação do financiamento", "custos legais ou de advogados (quase sempre internacionais) para várias razões", "custos de viajens para ir fechar/negociar não sei o quê, não sei onde", "custos bancários para operações de extruturação financeira ou para transferências ou outras desculpas" ... etc.
Veja bem, estes custos podem realmente ser necessários em operações de financiamento verdadeiras, mas muitas vezes são usados como desculpas para golpes. É preciso analisar o conjunto da operação para determinar se é um golpe ou não, e para fazer isso é preciso usar alguém que conheça estes assuntos profundamente.
Outro caso bastante comum é o dos financiamentos "extruturados" baseados ou garantidos por "títulos" ou "garantias" que serão depois, supostamente, descontados num banco para obter o dinheiro. As histórias neste caso são bastante variadas ... fala-se de garantias obtidas através de suborno de funcionários do banco, ou, às vezes, de garantias pelo dobro/triplo do valor a ser financiado e que se pagariam sozinhas através de complexas e/ou misteriosas operações de investimento de parte dos recursos obtidos.
As histórias parecem bem montadas, cheias de termos técnicos, verdadeiros ou supostos, obviamente em língua inglesa. Coisas do tipo "Loan Guarantee", as famosas "Prime Banks", "Fixed Income Instruments", "EuroBonds", "Bonds", "Irrevocable Loan Guarantee Commitment Letter", "Letter of Credit" (veja secção especifica sobre as Standby LC, acima) etc ... Através de operações que envolvem algum destes termos seria criada uma extrutura que supostamente resultaria num financiamento fácil, rápido e barato, muitas vezes sem necessidade de garantias reais.
Às vezes os golpistas acrescentam um pouco de "Floreado" para mostrar seriedade e firmeza, coisas tipo pedidos de Identificação, Balanços e Planos de Negócios etc... a serem supostamente avaliados por alguém.
Obviamente tudo isso tem um "custo prévio" ... variável, mas suficiente para os golpistas ficarem felizes se você entrar no esquema !! Aliás, se você fizer bem as contas verá que estas propostas, analisadas profissionalmente e em detalhe, não tem sustentação de números, nem hipotética.
Um caso à parte, muito original, é o em que, chegou ao nosso conhecimento recentemente, onde uma pessoa, dizia-se herdeira de uma grande fortuna. A versão era que estava prestes, finalmente, a receber tal herança e que tinha decidido aplicar estes recursos em financiamentos. Para tanto assinava-se um contrato com condições muito boas e tinha que depositar-se uma pequena quantia (de 2 mil a 4 mil €uros) para cobrir toda uma série de despesas "operacionais, bancárias, de corretagem e seguro" (a série completa !) ... depois disso, obviamente, o dinheiro não chegava e/ou a herança não era libertada (o que dá na mesma !). Parece que, em alguns casos, esta pessoa chegou a emitir vultuosos cheques (representando a libertação do valor do financiamento) em troca de cheques da empresa "tomadora" representando os custos e despesas. Os vultuosos cheques, adivinhem, eram cheques sem provisão !!
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